quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

1983



Mil sonhos, sendo sonhados

Novecentos motivos dados

Oitenta e três desejos

E eu, na barriga da mamãe

Me transformando em gente



Quantos acontecimentos, e tormentas

E eu, envolvida na placenta

Sem saber quem era eu

Ou quem poderia ser...

Não sabia, só sentia, mas não lembro bem o que.



Era mês de julho, era frio

Mas havia o calor das fogueiras

O colorido das bandeiras

O brilho das estrelas

A alegria das noites de julho



As estrelas desenhavam no céu um leão

Mamãe ouvia meu coração

Batendo forte querendo a vida

Mais que o aconchego do ventre

Querendo estar aqui fora


 No luar sem par

No calor das fogueiras

O colorido das bandeiras

Sob o brilho das estrelas

Na alegria das noites de julho...


segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Desejo de desejar...

Desejos...

De muitas coisas, de muitos dias

Desejos de mulher de menina

Desejos feios, desejos lindos...

Desejo de desejar, querer muito amiúde...

Desde uma florzinha

A um príncipe encantado

Uma taça de vinho

A uma noite de amor...

Tanto faz, uma coisa leva a outra

Desejo de me esconder

De voltar ao ventre materno...

De ter poderes especiais

De não acordar nunca mais

De ser feliz pra sempre

Ou que eu mais desejo agora

É ficar num cantinho

E chorar...

Sem ter que responder perguntas

Ou apresentar justificativas

Chorar o que esta aqui me doendo...

 Toda lágrima contida

Toda tristeza sentida.


quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

SAUDADE










Essa vontade de ter você, de estar no seu abraço

No aconchego do seu peito

Na alegria do seu sorriso...

Um desejo intenso, doido, quase doído

de estar em seu corpo

aninhado juntinho...

Os olhos ficam nublados, marejados

e seu perfume vem não sei de onde...

e se esconde em algum cantinho do meu corpo

que só você conhece...

Essa vontade que não passa

Esse calor que não abranda

Só tem um nome, saudade!

E ela se chama você...


sábado, 26 de novembro de 2011

Quintais...



Lembro de quando essas belas vinhas
definiam o vivo e doce sabor de estações,
lembro de quando lhes demos canções
nas colheitas de nossas vidas sozinhas

Do nascente ao poente, éramos aparições,
das noites de luar e fogueiras, sextas-feiras,
dos frutos, do nosso amor, brincadeiras
e do cansaço do labor, frustrações.

Hoje, aquilo que parece obsoleto e triste,
há de mapear nossas verdades e insiste
em ser força impulsiva anti-degenerativa,

pois do vinho para o corpo há o extrato
e para o paladar apurado o tinto exato
a maturar nosso amor numa história viva.